terça-feira, 1 de março de 2011

"Viva nossa amizade"

Falar ou escrever sobre Frei João Echávarri é uma tarefa muito fácil e simples, porque ele durante sua vida entre nós foi simples por demais. Não possuía bens em seu nome, pois como um bom Agostiniano Recoleto, tudo que recebia era da comunidade religiosa ou da comunidade a qual prestava seu serviço ministerial.
Nascido na Espanha, em Zabal – Navarra. Veio muito novo para o Brasil, devido forte perseguição que a Igreja sofreu naquele país, devido a guerra civil, caso permanecesse teria sido morto como seus confrades em Motril, posteriormente beatificados pelo Papa João Paulo II, sendo conhecidos como os Mártires de Motril.

Quando chegou às terras tupiniquins aportou na Bahia, permaneceu poucos anos naquele Estado, pois algo o chamava para as terras capixabas. Chegou ao Espírito Santo no final da década de 40 e, logo, aprendeu que o verdadeiro missionário é aquele que além de renunciar pais, amigos e terra, deve, também, renunciar um pouco de sua cultura e estar aberto ao novo – a nova cultura.

Com certeza foi um aprendizado forte para aquele que tinha suas veias o sangue quente espanhol, mas mesclou em sua cultura espanhola, a italiana, a portuguesa, e porque não, a brasileira.

Sabia dizer não, brincando! Sabia dar ensinamentos profundos, brincando! Sabia fazer amizades, brincando! Afinal de contas, a vida é uma grande brincadeira. E, creio, somente vence na vida quem sabe brincar o jogo da vida. E nesse jogo não há vencedores ou perdedores, pois é uma brincadeira. Há sim, “aprendedores” – neologismo para falar de Frei João – aprendemos muito com esse religioso e sacerdote.

Aqui no Espírito Santo fez grandes amizades. As amizades verdadeiras constroem pessoas e quantas construções esse religioso não fez? Construiu a Fazenda do Centro – região próxima a cidade de Castelo -, mas além dessa suntuosa construção, construiu pessoas e forjou homens novos para tempos novos, pois foi professor! Sim, Senhor e Senhora! Foi Religioso, Sacerdote e Professor! Professor de Técnicas Agrícolas e ensinou o cultivo da terra para saciar a fome do corpo e da alma.

E com essa técnica de construir amizades, também construiu muitas almas para Deus. Quantos batizados? Quantos Matrimônios? Quantas Primeiras Eucaristias? Quantas Confissões? Quantas Unções dos Enfermos? Quantas Eucaristias presididas e concelebradas? Quantas piadas? Quantos beliscões nas mãos e correadas? Muitas histórias, muitas saudades...

Frei João quando completou seus 90 anos de vida, deixou uma frase para história ao término de seus agradecimentos a Deus e a todos que se fizeram presentes no Santuário de Nossa Senhora da Consolação, ele pronunciou em alto e bom som: “E VIVA NOSSA AMIZADE!” Sim, frei, viva nossa amizade hoje e sempre, agora, junto de Deus!